Filme retrata cultura do rádio nas periferias de Belém com protagonismo negro e LGBTQIAPN+
- blognewschristian
- há 16 horas
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Reconectar o público com a cultura da rádio, por meio das batidas do brega e do tecnomelody, com protagonismo de pessoas periféricas, negras e LGBTQIAPN+. Esse é o objetivo do curta-metragem “Nas Ondas do Rádio”, que está sendo gravado até a próxima terça-feira (8) na Ilha de Caratateua, distrito de Outeiro, e na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, com Mariza Black e Dalilão. As filmagens começaram quinta-feira (3).
A realização é da produtora Cine Diáspora, com patrocínio da Lei Paulo Gustavo. O roteiro é de cineaste Lu Peixe e foi desenvolvido e premiado na 5ª edição do LAB Negras Narrativas de 2023 da APAN - Associação de profissionais negros do audiovisual. O projeto conta ainda com a produção executiva de Rafael Nzinga e Tayana Pinheiro. “Nas Ondas do Rádio” é um curta-metragem de ficção de drama e comédia.

A história gira em torno de “Sombra” (Mariza Black), uma misteriosa radialista que nunca revelou sua verdadeira identidade. Aos 49 anos, estreia um novo programa onde poderá ser ela mesma. Mas os planos mudam quando a radialista conhece Inã (Dadilão), ume jovem não-binárie de 19 anos, cantore de tecnomelody, que vê nesse programa uma oportunidade de reconhecimento.
O diálogo bem humorado entre duas pessoas de diferentes gerações, imersas na cultura das aparelhagens, promete tirar boas risadas do público. O filme ainda busca celebrar a importância do rádio para as famílias periféricas do Norte do país.
“As músicas e opiniões transmitidas por ondas sonoras influenciam a dinâmica da vida de várias pessoas. Em específico no Pará, a transmissão AM possibilitou a influência caribenha na nossa música. E no contemporâneo, a cultura popular do brega, tecnobrega e tecnomelody tem como alicerce para sua circulação as emissoras de rádio”, destaca Lu Peixe.
O curta pretende também destacar a contribuição LGBTQIAPN+ e afro amazônica na música brega e tecnobrega, desde a criação até a distribuição. “Queremos mergulhar no subjetivo de mulheres negras, lésbicas e pessoas não-binárias para desconstruir estereótipos e afirmar o lugar dessas pessoas como agentes criativas da arte na região”, afirma.
A construção visual do filme e dos personagens será inspirada em aparelhagens clássicas, que estão presente na memória dos paraenses, como Príncipe Negro e Ouro Negro, e as mais contemporâneas, como o Búfalo do Marajó. As artes produzidas nas periferias e ribeirinhas também fazem parte da identidade.

As filmagens do curta-metragem começaram na quinta-feira (3) e seguem até a próxima terça-feira (8), nos cenários naturais e praias de Outeiro e na UFPA, onde será construído um estúdio de rádio.
Com previsão de estreia para maio de 2025, o filme contará ainda com oficinas de produção audiovisual para jovens e pré-lançamento gratuito em Outeiro e Icoaraci nos próximos meses.
Sobre Lu Peixe
Lu Peixe é realizadore audiovisual, pesquisadore e arte-educadore. Coordena o Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus e a produtora Cine Diáspora.
Recebeu o prêmio de Melhor Direção de Fotografia no Festival de Cinema Olhar do Norte, 2022, com o filme “Meus Santos Saúdam teus Santos”, de Rodrigo Antônio. Também conquistou o Prêmio Prêmio Experimentação, Pesquisa e Difusão Artística Vicente Sales, 2021, da Fundação Cultural do Pará, para realização do filme “Zunzunzum do Mar” (2022), licenciado pela plataforma de Streaming Todes Play (2023).
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